Sobre nossa Aldeia

“Tudo começou em uma pequena sala de estar, em um espaço dedicado às orações e ao atendimento de poucas pessoas que conheciam a mãe Sueli e algumas que sabiam da sua vivência no ambiente de terreiro.”

A história do Terreiro de Umbanda Caboclo Sete Flechas e Baiana Maria está profundamente ligada à trajetória de Mãe Sueli, a sacerdotisa da casa, e do Pai Sérgio. Desde jovem, Mãe Sueli possuía dons de clarividência e contato com espíritos, embora não soubesse que eram entidades da Umbanda. Criada em uma família católica não praticante, aos 14 anos começou a explorar sua espiritualidade, acreditando em uma força superior e nos conceitos de reencarnação e vida após a morte.

Nesse período, ela aprofundou seu interesse, especialmente após ler um livro de Chico Xavier, o que a fascinou pelo espiritismo. Ao frequentar um Centro Espírita Kardecista, passou a fazer parte da corrente da casa e a trabalhar com desobsessão, tarefa que desempenhou com responsabilidade em três diferentes centros.

Mãe Sueli percebeu que tinha uma diferença entre os espíritos que enxergava, dos demais que participavam daquela mesa. Sempre estavam contigo a imagem de um “índio” e uma senhora negra. Ao conversar com o dirigente da casa foi orientada a procurar uma casa umbandista, pois sua missão era na linha da Umbanda. Isso a deixou muito decepcionada. Para a mãe Sueli, naquela época a Umbanda era algo estranho e temeroso, que destruía casamentos, famílias e fazia o mal, mas se permitiu conhecer um terreiro junto a uma amiga.

Novos horizontes

De uma percepção errônea que beirava o medo, mãe Sueli se apaixonou pela Umbanda e percebeu como era uma religião de luz, conhecimento e boas práticas. “O som do atabaque foi uma coisa encantadora. As cantigas, a ritualística, tudo aquilo mexeu demais comigo. De alguém que tinha pavor da Umbanda, simplesmente sai apaixonada com a forma como as entidades me trataram com carinho, respeito e toda paciência para me ensinar que a Umbanda era uma religião de muito amor. Eu necessitava aprender a viver, a entender o que significavam todos aqueles ritos e o que eu precisava a partir daquele momento era abrir meu coração para toda essa espiritualidade. Foi o que eu fiz”, relembra mãe Sueli.

Mudando de Itanhaém, região do litoral sul de São Paulo, para a capital da cidade, mãe Sueli começou a frequentar essa casa, a incorporar as entidades que a acompanhavam e ficou por um ano em desenvolvimento. Com muitas dificuldades no caminho, chegou a fazer parte de mais dois terreiros. Na última casa que frequentou, desenvolveu mais sua mediunidade, mas também precisou se retirar por questões pessoais.

Tomou a decisão de não procurar novamente uma casa e na época estava um pouco desapontada e enfrentando desafios financeiros.

Abrindo o coração

Desesperada, em um dia de aflição, mãe Sueli estava em sua casa sozinha e questionou o Exu que a acompanha, o Senhor Sete Encruzilhadas: “Pai, se o senhor fala que eu posso contar contigo e é quem diz ser, abra meus caminhos, pois, eu já não sei mais o que fazer”, suplicou.

Revoltada e clamando por um sinal, sentiu uma mão em seus ombros. Era o Senhor Sete Encruzilhadas e ele dizia: “Filha, se você abrir a porta do seu coração para mim, vou te mostrar quem sou. Quando você abrir, me chama”. Disse apenas isso e se foi.

Mãe Sueli ficou um pouco intrigada, já que esperava ouvir mais coisas, mas sentiu alívio e conforto no coração. Entendeu não estar sozinha, que precisava realmente abrir seu coração e ouvir mais a espiritualidade que a amparava.

Foi contar ao seu marido, o pai Sérgio, e mais uma vez o Senhor Sete Encruzilhadas se manifestou, mas incorporado. A partir daí suas comunicações ficaram mais constantes e suas orientações se faziam contínuas. Seus direcionamentos não tratavam de religião, mas sobre a caminhada terrena da mãe Sueli e do pai Sérgio, como a procura por emprego. Mesmo ainda sob dificuldades financeiras, dentro de suas possibilidades, nunca deixaram de cumprir o que era pedido. Passado algum tempo, os dois se recolocaram no mercado de trabalho de forma muito satisfatória.

Com a esperança revigorada e a fé ainda mais firmada, outras entidades começaram a se manifestar com frequência. Veio o preto velho Vô Joaquim com uma orientação, a Baiana Maria, um caboclo e, assim, a espiritualidade da mãe Sueli foi se abrindo cada vez mais.

O tempo foi passando e todos os meses, a mãe Sueli fazia as obrigações guiadas por sua espiritualidade. “Eu não pensava, eu só acreditava e confiava em tudo aquilo que era trazido para mim. Jamais pensei que seria uma preparação para me tornar uma sacerdotisa”, lembra.

Amor e união

Tudo começou em uma pequena sala de estar, em um espaço dedicado às orações e ao atendimento de poucas pessoas que conheciam a mãe Sueli e algumas que sabiam da sua vivência no ambiente de terreiro, mesmo não frequentando na época. O número de consulentes foi aumentando e foi estabelecido o atendimento uma vez por semana, ainda no pequeno espaço.

Então, o Senhor Sete Encruzilhadas mais uma vez se apresentou e disse sobre a necessidade de firmar o solo e uma tronqueira para a proteção energética do espaço e da médium. “Tudo era muito novo para mim, pois mesmo tendo frequentado alguns terreiros, não foi ensinado o significado e o porquê da tronqueira. O que era firmar um solo? Eu não sabia nada disso e ele me trouxe todas essas informações. Me explicou que não era possível atender todas as pessoas sem isso e que eu iria adoecer por toda a energia que circulava”, conta mãe Sueli.

Com as orientações necessárias foram firmadas a tronqueira e o portal para a espiritualidade se manifestar e irradiar toda a energia do astral. Abriu-se a gira uma vez por semana, o espaço foi remanejado para o fundo da casa, mais pessoas foram chegando e uma corrente de médiuns foi formada.

Mãe Sueli sempre ouviu sua espiritualidade, desde o momento da súplica ao Senhor Sete Encruzilhadas em um momento de aflição, no atendimento de poucas pessoas em um cantinho de oração em sua sala de estar e até hoje. Nunca projetou abrir um terreiro e não houve ensinamentos de um pai de Santo para tal. Tudo foi guiado pela espiritualidade e, claro, após um tempo buscou mais conhecimento em cursos para aprimorar sua caminhada.

O Terreiro de Umbanda Caboclo Sete Flechas e Baiana Maria mudou de espaço para comportar e ajudar mais pessoas e, atualmente, faz parte da Aldeia Caboclo Sete Flechas, um espaço onde é possível realizar todos os trabalhos de Umbanda, reverenciando a natureza, nossos ancestrais e trazendo a Umbanda de Baiana Maria, Vô Joaquim e do Caboclo Sete Flechas.

“Tudo o que você fizer, faça com amor. Seus pensamentos têm que vibrar amor, suas atitudes…e só com amor você conseguirá ajudar as pessoas.” (Vô Joaquim).

Orientadores espirituais

Mãe Sueli

Pai Sergio

Sacerdotisa de Umbanda, começou sua trajetória espiritualista no Espiritismo, tendo encontrado sua verdadeira essência e missão na Umbanda.

Iniciou o Terreiro de Umbanda Caboclo Sete Flechas e Baiana Maria de forma muito natural, em um pequeno espaço de orações na sala de sua casa, a partir das orientações das entidades que a acompanham.

Terapeuta Reikiana, Cristaloterapeuta, facilitadora do Sagrado Feminino, trabalha com mulheres que buscam equilíbrio mental, físico e emocional por meio das terapias naturais e da ancestralidade feminina.

Sacerdote de Umbanda foi criado em família evangélica, mas desde criança sempre teve uma relação tranquila com a sua mediunidade, se encantava com o som dos atabaques, e acreditava nas relações extraterrenas e espirituais.

Frequentou diversos terreiros como assistência, trabalhou como cambone e tesoureiro em algumas casas, até se unir à missão junto a sua esposa Mãe Sueli, em abrir o Terreiro de Umbanda Caboclo Sete Flechas e Baiana Maria, caminhada essa de amor e companheirismo em prol de um único objetivo: honrar a espiritualidade.